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O ASTRONAUTA ALEMÃO

Aquele pesquisador que estava em todos os congressos de Geofísica Espacial, aqui no Brasil e no México, sempre me lembrava do conterrâneo Hamilton Krauss Rezende. Teve uma vez que encontrei Hamilton Krauss, em Minas Gerais e lhe falei: - olha, tem um cientista alemão que parece muito com você.


- Quem sabe é primo – falou o meu conterrâneo.


Hamilton que não está mais entre nós, também era descendente de alemães. Exercia a advocacia, gostava muito de futebol e atuara como comentarista na rádio local e numa TV experimental. E juntava literatura com futebol, assim como fazia Nelson Rodrigues. Uma vez me falou que o jogador Joel Camargo que foi zagueiro no Santos e na seleção, na época de Pelé, era contumaz leitor de filosofia e Franz Kafka. É bom acrescentar ainda, que Joel Camargo foi o primeiro jogador a se manifestar publicamente contra o racismo no Brasil.


Quanto ao pesquisador alemão, sósia do meu conterrâneo, tratava-se do Prof. Dr. Rainer Schwenn que trabalhava com a interação entre o Sol e a Terra no Instituto Max Planck, na Alemanha. Schwen também não está mais entre nós.


Fiquei bastante surpreso, quando soube que o professor Schwenn, com seu ar de intelectual e meio fora de peso (com algumas gordurinhas a mais); no passado (em 1977), foi um dos candidatos finalistas escolhidos para ser astronauta. Li na internet (links abaixo) que ele passou por uma rigorosa seleção entre 53 candidatos europeus feita pela Nasa. Participara ainda dos treinamentos, mas o voo não ocorreu. Escutei de outro pesquisador que os astronautas da Alemanha Oriental tiveram mais oportunidades através da antiga União Soviética, e nessa época da divisão da Alemanha, Schwenn vivia no lado ocidental. E ainda lendo sobre o perfil do professor Schwen, está escrito que nasceu em 1941, em plena Segunda Guerra, e como hobbie, ele gostava de música popular da Bavária, de alpinismo e de esqui. Foi outra surpresa, pensar que o professor poderia ter escalado as encostas rochosas dos Alpes.


Contudo, Rainer Schwen foi um proeminente cientista de renome internacional e contribuiu bastante para missões espaciais de naves da agência espacial europeia (ESA) e da Nasa em direção ao Sol. Fez relevantes estudos e descobertas sobre o vento solar e as ondas de choque que atingem a magnetosfera da Terra. Ainda, em suas atividades acadêmicas, organizou e publicou importantes livros de Física Solar. No Brasil, interagiu intensamente com os pesquisadores do INPE.


Por suas contribuições, ele foi homenageado em 2007 com a Medalha Julius-Bartels da European Geophysical Union (EGU). Ainda em 2007, pude vê-lo na Conferência Latinoamericana de Geofísica Espacial, em Mérida, no México, quando foi homenageado por seus projetos que financiavam e davam suporte aos jovens pesquisadores dos países em desenvolvimento. O astronauta alemão não foi ao espaço, mas ficou na Terra fazendo boas coisas e deixou um significativo legado para a Ciência.


Luiz Felipe Rezende

Fontes: EGU, acessado em 31 Jul. 2021.

https://www.egu.eu/awards-medals/julius-bartels/2007/rainer-schwenn/


Max Planck Institute


Acesso em 31 Jul. 2021

http://www.spacefacts.de/bios/candidates/english/schwenn_rainer.htm


Referências:


Schwenn, R., 1981. Solar wind and its interaction with the magnetosphere: Measured parameters. Advances in Space Research Volume 1, Issue 12, 1981, Pages 3-17


Schröder, Wilfried (December 1, 2008). "Who first discovered the solar wind?". Acta Geodaetica et Geophysica Hungarica. 43 (4): 471–472. doi:10.1556/AGeod.43.2008.4.8.

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